Pára, que eu quero descer!!!!

Não resisti, precisava vir aqui dividir com meus dois leitores (eu mesma e meu marido, que não comenta nunca) o mal que um controle remoto pode fazer à sua vista e à sua saúde. Estava eu, zapeando felizinha, quando parei no indescritível, inacreditável, inenarrável programa da Gimenez, o Superpop. Eu sou tão bacaninha, respeito os mais velhos, não jogo lixo na rua, sou educadinha com todo mundo, por que eu tinha que ver uma bizarrice daquelas, por quê? O que foi que eu fiz de errado?

O tema do programa de hoje (se é que posso chamar isso de tema) era a (acreditem!) abundância dos atributos físicos da (ó, que surpresa!) Mulher Melancia e de uma tal de Shyrlei, loura cuja legenda afirmava ser a mulher com os maiores seios da América Latina (com essa descrição, já dá pra imaginar a figura, que tinha APENAS 1,58m). U-au! Minutos intermináveis de peitos falsos e nádegas verdadeiras, uma coisa, assim, engrandecedora, definitivamente, um programa que aborda assuntos de extrema importância para o brasileiro.

A bizarrice era tanta que não consegui desgrudar os olhos da telinha e vi o que não queria ver: Mulher Melancia dançando e cantando (ééé! Ela canta! Tenta, pelo menos) uma música com versos (???) que diziam mais ou menos assim: "Solteira sim/ sozinha nunca/ eu levo a vida assim/ rebolando a minha bunda". É, era mais ou menos isso messsssmo! Não estou zoando. E ela lá, toda-toda, se achando a mais gata, a mais gostosa, a mais cantora. Com coreô, claro. E umas rebolativas do lado, que presumo que sejam as... hum... melancietes. Ai, que meda!

Medo de tudo isso, que medo da tevê aberta. O que virou o Brasil? É isso que o povo gosta de ver? Não é possível! A legenda que não saía da tela anunciava o que o telespectador não podia deixar de ver, o ápice do hum... programa: "Ainda hoje, o desafio da noite: quem tem mais centímetros? Mulher Melancia ou Shyrlei? Não perca!!!".

Nessas horas que dá vontade de gritar "pára o mundo que eu quero descer!". Ou "Tirem as crianças da sala!". Mas eu preferi berrar pra mim mesma: "Um livro! Já!". Fui correndo para o quarto para terminar de ler "Pantaleão e As Visitadoras", do sensacional Vargas Llosa. Ufa! Espero não ter pesadelos com o circo que vi na televisão.