Fui ver o incrível Pilobolus, um grupo de dança americano formado por seis bailarinos que fazem miséria no palco. Uma coisa meio Deborah Colker, meio Cirque du Soleil. Uma aventura visual única, uma ode ao talento e à criatividade. E à leveza, e à precisão. E à perfeição. Fiquei pasma. O problema é que além dos bailarinos, a plateia me deixou boquiaberta. Para meu espanto, as pessoas falavam alto sem cerimônia, como se estivessem na sala de casa ou, pior, numa mesa de bar.
- Isso não é balé, é contorcionismo - disse a pessoa sentada na minha frente para sua vizinha de cadeira.
- Ah, mas é bonito. E tudo o que é bonito é bom de ver. Deixa de reclamar, como você gosta de reclamar.
- Shhh! - fiz acompanhada de outros incomodados como eu.
- Que corpo esse bailarino tem, hein? Ah, eu com dez anos a menos... - confidenciou uma outra espectadora, sentada na fila de trás.
- Deixa disso, você nunca gostou de homens bonitos! E esse é um pedaço de mau caminho - discordou a amiga, no mesmo tom de conversa de botequim da outra.
- Será que aqui não tem garçom? Queria pedir gelo pro meu refrigerante. Tá uma porcaria - reclamou um cara sentado bem perto de mim.
Fiquei impressionada com a falta de educação. E com a falta de respeito com os artistas. Meu Deus! Onde foram parar os bons modos? Teatro e cinema não são lugares para bater papo! Que vergonha ver adultos se portarem tão mal!
E que vergonha do Vivo Rio, que não está preparado para receber uma companhia do quilate de Pilobolus. O barulho que vinha da cozinha era irritante, desrespeitoso, um acinte. E alto. Como tudo ali na plateia.
Saí de lá embasbacada com o espetáculo que vi no palco e com o show de horrores protagonizado pela falta de educação. Que da próxima vez os bailarinos tenham um local mais digno de seu talento para se apresentarem, como o Municipal ou o João Caetano, por exemplo. Infelizmente não posso fazer nada em relação aos adultos mal-educados. Ao contrário das crianças, que têm uma vida inteira para aprender boas maneiras, adultos já estão formados e dificilmente enxergam seus erros.
Fica aqui meu protesto e meu desabafo. Educação é artigo precioso em qualquer plateia, de qualquer espetáculo. Não, mais que isso: educação é fundamental na vida.